EMBRIAGAI-VOS
Deve-se estar sempre
embriagado. Nada mais conta. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que
esmaga os vossos ombros e vos faz pender para a terra, deveis embriagar-vos sem
tréguas.
Mas de quê? De vinho, de
poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embriagai-vos.
E se algumas vezes, nos
degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, na solidão baça do vosso
quarto, acordais, já diminuída ou desaparecida a embriaguez, perguntai ao vento,
à vaga, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a
tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas
são; e o vento, a vaga, a estrela, a ave, o relógio, vos responderão: "São
horas de vos embriagardes! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo,
embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha."
Baudelaire
Perfeito! Procuro sempre me embriagar de natureza, amor, música, leitura e outras abstrações aleatórias. Assim, esqueço um pouco das obrigações cotidianas, do peso que me cai aos ombros, da vida dura e difícil que levo; embriagado tudo parece mais fácil e belo.
ResponderExcluirGrande abraço, espiga.
embriagai-vos para não entorpecemos com a realidade medíocre!
ResponderExcluirFaço minhas as palavras de Lore acima. E não como esquecimento de si. Ao contrário, pra diluir contornos, enfatizar a poesia, andar no bordo das consciências.
ResponderExcluirBela poética de ter pra si.